Relatos sobre a I Jornada de Design..


O segundo bloco contou com as palestras dos arquitetos Lúcio Moura, Ricardo Leão e Rodrigo Ambrósio. A tônica foi mostrar o trabalho que, cada um destes profissionais convidados, vem realizando. A platéia parecia ávida de saber como se dá esta prática profissional. 

Lúcio Moura nos deu uma boa panorâmica de como é a inserção no mercado de trabalho que, mesmo planejada, muitas vezes toma rumos inesperados. Seu trabalho em ambientação de interiores e em eventos tem tido um bom reconhecimento aqui, no estado, e também em outras regiões do país. Falou do prazer de criar um espaço, de garimpar elementos que possa utilizar em suas interferências no espaço, e a grande aventura que é concretizar sonhos – o seu e o dos seus clientes - e da difícil tarefa de inserir aspectos da cultura local. O desejo estético de uma certa faixa da população  não aponta para as nossas raízes. Questões viscerais tratadas com leveza, sem o peso da ideologia e sob a ótica da realidade, foram a tônica da contribuição do arquiteto Lúcio Moura.

O segundo palestrante foi o arquiteto Ricardo Leão. Ficou marcada na retina a leveza e, ao mesmo tempo, a sobriedade de sua arquitetura. Ricardo pensa no espaço desde a estrutura até o mobiliário, da transparência de uma vedação que irá captar a desejável brisa, até a execução da textura desta parede. Para quem não conhece in loco a obra do arquiteto, ficou o profundo desejo de desfrutar estes espaços de aconchego tropical. 

O terceiro palestrante do bloco foi Rodrigo Ambrósio.  O jovem arquiteto mostrou em seus palíndromos todo o amor pela cidade de Maceió. Com clareza, passo a passo, foi desvelando como se dá a criação de uma marca. A imersão no produto, no desejo do cliente, nas implicações - não óbvias – do trabalho do designer. Conduzido por seu processo criativo, para uma platéia atenta, Rodrigo falou sobre história, semiótica, desenho.

Após as palestras foi formada a mesa redonda, e a debatedora foi a arquiteta e professora do IFAL, Iolita Marques. Quando Iolita perguntou de onde vinha a inspiração, a resposta de Ricardo Leão foi totalmente coerente com o que a gente vira: “O clima, disse. O clima e a natureza são poderosos inspiradores, a nos mostrar o caminho que devemos seguir.” Ricardo também falou sobre a dificuldade de encontrarmos uma mão-de-obra que possa acompanhar o vigor da criação e comentou que seria interessante pensarmos no treinamento desta mão-de-obra. 

Quando Iolita indagou sobre a valorização do profissional, Lúcio Moura disse que, muitas vezes, o reconhecimento só ocorre na cidade de Maceió, depois que o profissional já se projetou fora. E chamou atenção para as qualidades da cidade, e  de como deveríamos encontrar este valor. Certamente uma melhora na auto-estima do Alagoano iria mudar o ambiente, o desejo do cliente, e até o cenário para o profissional da arquitetura e do design. 

Quando a debatedora solicitou que se falasse um pouco sobre o trato com o cliente, Rodrigo Ambrósio falou que mudar o visual de uma marca é sempre delicado, até mais do que criar uma nova. Pois isto significa interferir no mercado, na clientela, e até na credibilidade do produto.
A discussão continuaria, a platéia queria mais, mas era chegada a hora do almoço e ainda tínhamos toda a jornada da tarde. Ficou a certeza que talento, dedicação e correta formação, abrem o campo de trabalho para o profissional.


Patricia Hecktheuer, moderadora do segundo bloco da I Jornada de Design da UFAL: formação e atuação profissional, ocorrida em 22 de setembro de 2010, no Espaço Cultural da UFAL .

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